Por Marcos Eduardo Neves
Vou dar um drible nos livros que estão me pedindo caminho na prateleira para puxar sardinha para o meu lado. Afinal, um de meus biografados, o primeiro dele, voltou aos holofotes. O figuraça Renato Gaúcho está de novo em evidência. Por isso, dissertarei aqui sobre “Anjo ou Demônio – A polêmica trajetória de Renato Gaúcho”, meu livro de estreia.
Comecei a escrever este livro aos 15 anos, em 1990. Datilografando, máquina de escrever. Renato era meu ídolo. Conversei com ele em seu primeiro treino na Gávea, assim que ele rescindiu com o Grêmio e se apresentou no Rio, em 1987. Fiz amizade com ele, conheci sua família, participei de alguns churrascos. Em 2000, assim que meu filho nasceu, decidi eternizá-lo nas Letras.
Ele me enrolou em banho-maria até 2002. Dizia para cortar uma coisa aqui, outra ali, e eu tentava não extirpar o conteúdo de forma que quem o lesse achasse que a história era de um bom moço, tipo Kaká. Se ele tentava me dar um corte seco, eu o driblava com passadas longas. Assim que o Fluminense o anunciou como técnico, em 2002, a Gryphus, editora que comprou-me os direitos, decidiu lançar a obra. E a amizade que eu tinha com o Renato se desfez desde então.
Era eu ou ele. Ou faria uma ode ao ídolo, e virava livro de fã, ou me lançava com credibilidade no mercado. Optei pela segunda opção. Quem leu o livro, viu o Renato de cabo a rabos (literalmente). De uma hora para outra, nomes como Juca Kfouri e Armando Nogueira surgiam em rádios ou na tevê enaltecendo a obra. Paulo Vinicius Coelho me diz até hoje que, embora a biografia do Heleno seja considerada a minha obra-prima, a do Renato, para ele, é meu melhor livro.
Nas páginas, inseri o personagem como protagonista de um romance que versa sobre o futebol brasileiro dos anos 80 e 90, principalmente. Enredo que vai dos antepassados do ídolo à sua decadência, no Bangu. Uma história apimentada por episódios polêmicos e casos de amor – entre jogador e torcidas ou entre o galã e as mulheres. Mas sem sensacionalismo, apenas fatos.
Hoje, Renato é campeão da Copa do Brasil pelo Grêmio. Já foi em 2007, pelo Fluminense. Já foi como jogador também, em 1990, pelo Flamengo. O Renato anjo da torcida do Grêmio, que é demônio dos colorados. O Renato anjo dos cruzeirenses e demônio atleticano. O Renato anjo do Fluminense e diabo do Botafogo. O Renato anjo e demônio do Flamengo. O Renato mutilado da Copa de 86 e inoperante da Roma. O mesmo Renato, Rei do Rio e messias do tricolor porto-alegrense, mito que marcou os dois gols do título mundial que completará 33 anos no próximo dia 11 de dezembro.
“Anjo ou Demônio – A polêmica trajetória de Renato Gaúcho”, hoje, só pode ser comprado em sebos ou comigo mesmo. É um bom presente de Natal! Tenho ainda alguns poucos exemplares em estoque, basta me contatar. Porém, com tudo que o agora treinador já tem no currículo exercendo a nova função, penso seriamente numa atualização, quem sabe mais para frente. Cabe a ele fazer por onde. E cabe a mim achar que vale a pena comprar nova briga.