Por José Rezende
Alguns fatos extracampo aconteceram na grande final do Campeonato Carioca de 1948 entre Botafogo e Vasco, no dia 12 de dezembro. O mais falado era a presença de pó-de-mico no vestiário utilizado pelos jogadores vascaínos. Um dos personagens do jogo decisivo, o extraordinário goleiro Barbosa, falou sobre o assunto:
“A questão do pó-de-mico é realmente verdadeira. Há quem diga, também, que houve o negócio do café meio estranho. Sobre o café eu não tenho certeza. Porém, quem tomou o café não estava em boas condições.
O vestiário ficava embaixo da arquibancada e por ali sopraram pó-de-mico. Com o verão que estava e a gente suando, o pó-de-mico pegou. Eu fiquei com as mãos em carne viva. Isso aconteceu no intervalo”.
Se as gemadas de Carlito Rocha, a presença do cachorro Biriba, o sonífero no café e até o pó-de-mico ajudaram o Botafogo a conquistar o título, não podemos deixar de reconhecer as qualidades do conjunto alvinegro, dirigido por Zezé Moreira. Após a estreia desastrosa contra o São Cristóvão, quando perdeu por 4 a 0, o Botafogo arrancou para o título, empatando apenas dois jogos. Osvaldo “Baliza”, goleiro campeão de 48, nos contou o que aconteceu:
“Pura acomodação. O Botafogo ficou treze dias no Hotel Quitandinha. Tinha jogador que ficava na piscina, pedindo sanduíche com suco de frutas e o São Cristóvão aqui em baixo comendo prato feito. Bem, saímos de lá e fomos inaugurar o Hotel Canadá, em Copacabana. O hotel era tão bom que ninguém dormiu na cama. Dormia no chão, porque o tapete era mais gostoso. Saímos dali, viemos para o campo do Botafogo e perdemos de 4 a 0.
Fizemos depois uma mesa redonda e resolvemos não ter mais concentração. Carlito não gostou, mas ninguém se concentrou mais e ganhamos o campeonato. Carlito falou que era melhor perder no início que perder no final. Até a final tivemos dois empates: Bangu 0 a 0 e Fluminense 2 a 2” .
Às 11 horas do dia 12 de dezembro de 1948, o estádio de General Severiano já estava lotado. Era à força do conjunto do Botafogo contra o todo poderoso “Expresso da Vitória”, campeão dos campeões, em Santiago do Chile.
Com três minutos de jogo, sob a arbitragem de Mario Vianna, o Botafogo já vencia por 2 a 0, gols de Paraguaio e Braguinha. No início do 2o tempo, o zagueiro Gerson se contundiu e Paraguaio recuou para a zaga. Otávio marcou o 3o gol botafoguense e Ávila, contra, diminuiu para o Vasco.
O Botafogo, após quatro anos seguidos como vice (44, 45, 46 e 47), finalmente, sagrava-se campeão.
- Em pé, Gerson, Osvaldo, Nilton Santos, Rubinho, Ávila, Juvenal e Zezé Moreira (técnico); Paraguaio, Geninho, Pirilo, Biriba, Otávio e Braguinha.
- Braguinha marca o 2º gol do Botafogo.
- Os vasilhames continham a energia receitada por Carlito Rocha para seus atletas: muita gemada.
- Carlito Rocha, o grande presidente alvinegro, e Biriba, a mascote do time campeão.
- O “expresso da vitória” antes da partida final, em General Severiano: Eli, Jorge, Augusto, Wilson, Barbosa e Danilo; Friaça, Ademir, Dimas, Ipojucan e Chico.
- Osvaldo salta e evita a finalização de Friaça.
- Os campeões fazem a festa após o apito final de Mário Vianna. Em primeiro plano, Otávio, Geninho, Ávila com a bola, Osvaldo sem camisa e mais atrás Pirilo. À esquerda, Biriba puxa a maia de Nilton Santos. Os vascaínos Chico (11), Wilson (3) e Jorge (6) caminham para o vestiário.
Os fatos e os personagens que fizeram a história do esporte estão no blog: