Na fase eliminatória para a Copa do Mundo de 1954, na Suíça, os nossos adversários foram o Chile (2 a 0 e 1 a 0) e o Paraguai (1 a 0 e 4 a 1). A seleção brasileira, dirigida por Zezé Moreira, era tecnicamente excelente. Castilho, Djalma Santos, Nilton Santos, Bauer, Julinho, Didi sempre foram considerados craques excepcionais.
Depois de vencer o México, na estreia, por 5 a 0, o Brasil empatou com a Iugoslávia por 1 a 1, classificando-se as duas seleções para as quartas de final. Nossos jogadores ignoravam o regulamento e buscavam a vitória, sem entender a gesticulação dos iugoslavos, sinalizando que o resultado era classificava os dois.
O sorteio apontou a Hungria de Puskas como o próximo adversário brasileiro. A partida ficou conhecida como a “Batalha de Berna”.
No dia 27 de junho de 1954, cerca de 40 mil expectadores estavam presentes no Estádio de Wandorf, em Berna, para assistir a tão esperada partida entre Brasil e Hungria, sob a arbitragem do inglês Arthur Ellis.
A seleção húngara, sem Puskas, sua maior estrela, partiu para o ataque, como fez em outros jogos, e com sete minutos de jogo já vencia por 2 a 0. Djalma Santos diminuiu a diferença, batendo pênalti, mas os comandados de Gyula Mandi fizeram mais dois gols. Julinho marcou o 2º gol brasileiro e o jogo terminou com o resultado de 4 a 2.
João Carlos Batista Pinheiro, destacado zagueiro da seleção brasileira, relatou alguns fatos sobre a participação do Brasil na Copa de 54:
“Nossa desorganização influiu. Chegamos à Suíça e encontramos a dificuldade de campo para treinar. A Hungria já estava lá há uns vinte dias. Outro problema foi não termos preparador físico. O material era pouco e havia dificuldade para substituir um par de chuteiras. Esses erros serviram para que em 58 a realidade fosse outra
Aquele time de 54 não devia nada para ninguém. Bauer e Brandãozinho sabiam jogar. Didi no meio campo. Julinho e Rodrigues nas pontas.
Contra a Hungria ficamos surpresos logo antes da partida. Enquanto nós estávamos no vestiário fazendo 1, 2, 3…, eles realizavam dois toques como pelada. Nunca tínhamos visto aquilo. Aí, o Didi, muito inteligente disse: “eles vão arrebentar com a gente logo ou vão cansar”. O que o Didi falou aconteceu. Ia correr, dar um drible, caía por causa da trava da chuteira. Eles além de terem feito o reconhecimento do campo, jogavam com dez travas de borracha e nós com seis. Com sete minutos fizeram 2 a 0. A partir daí começamos a reagir. Diminuímos para 2 a 1. Veio o 2o tempo e eles marcaram o 3o gol aos 16 minutos. Nós fizemos 3 a 2 aos 21. Aí, o jogo virou bagunça, porque o juiz começou a apelar. Expulsou o Nilton Santos e depois o Humberto. Exatamente, quando o Brasil estava crescendo.
No lance do pênalti, subi com o Kocsis, num lance em que se houve falta, poderia ter sido a nosso favor. Tanto que os húngaros se retiraram, julgando ser uma falta sem menor importância, quando surpreendentemente o árbitro apontou para marcar do pênalti.
No último gol, o Kocsis estava fora de campo, bebendo água. Houve o lançamento, eu parei, ele entrou em impedimento, correu e marcou o 4o gol.
Na saída, o Bauer discutiu com a polícia. Ele pensou que o policial fosse puxar uma arma quando se aproximavam os jogadores da Hungria rumo ao vestiário, cujo túnel era comum aos dois times. Nesse instante, formou-se a confusão. Eu paguei o pato. Levei uma garrafada na cabeça. As marcas estão aqui até hoje”.
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