Morreu nesta sexta-feira, 5 de março, no Rio, o último sócio fundador da Acerj – Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro – Lóris Baena Cunha, aos 97 anos. Era também o mais antigo sócio da ABI – Associação Brasileira de Imprensa – e membro suplente do Conselho Deliberativo.
Internado na Casa de Saúde São José, com pneumonia aguda (não foi registrada infecção por covid-19), Lóris chegou a ser intubado e reagiu bem à infecção. Depois de retirados os tubos, entretanto, não resistiu e faleceu na manhã deste 5 de março, curiosamente, o dia da fundação da Acerj, em que se comemora a data do cronista esportivo do Rio de Janeiro.
“Lóris ‘escolheu’ morrer no dia da fundação da Acerj, entidade que ajudou a fundar e pela qual lutou sua vida inteira. Foi incansável na aquisição do jazigo onde vai ser sepultado neste sábado e que se transformará, em breve, no Mausoléu do Cronista Esportivo, no Cemitério do Caju. Como jornalista foi um exemplo de profissional que busca a notícia exclusiva, a entrevista inédita. Como dirigente de classe, um modelo de perseverança na luta pelos direitos dos cronistas esportivos. Sua partida vai deixar uma enorme lacuna em nossa classe”, escreveu o presidente da Acerj, Eraldo Leite.
Jornalista, poeta e escritor, Lóris Baena Cunha nasceu em Belém. Apegado às tradições de seu Estado do Pará, viajava anualmente para acompanhar as comemorações em louvor à padroeira Nossa Senhora de Nazaré – o Círio de Nazaré. Começou sua carreira no jornal Folha Carioca, no Rio de Janeiro. Em 1947, aos 25 anos, quis entrar de sócio na ABI, mas teve que se mudar para São Paulo, onde teve a ventura de entrevistar Charles Muller, o introdutor do futebol no Brasil. Em 1955, de volta ao Rio como ‘foca’ da Rádio Clube do Pará, foi apresentado a Herbert Moses pelo jornalista Edgar Proença, e se filiou à casa. Além do trabalho como jornalista, escreveu diversos livros sobre esportes e poesias, como ‘Sonhos de Amor’ e ‘Temas da Vida’ – este último, sobre os clubes de futebol cariocas.
O professor Ivan Cavalcanti Proença, ex-presidente e atual membro do Conselho Deliberativo da ABI, também lamentou a morte do amigo. “Um pouco antes de adoecer Lóris me ligou dizendo que ia visitar-me para mais um papo amigo. Não deu. Sócio mais antigo da ABI, apaixonado por futebol, fundador da Acerj, autor de inúmeros livros sobre futebol, inclusive Copa do Mundo e histórico dos times de futebol de Belém do seu Pará. Perdemos um grande jornalista e um grande companheiro”, escreveu.
Logo que foi internado na Casa de saúde São José, Lóris confessou a seu neto mais próximo – e que leva seu nome, Lóris Neto – que desejava ser enterrado no mausoléu do cronista esportivo. Lóris Neto entrou em contato com o presidente da Acerj, Eraldo Leite, e ambos tomaram as medidas necessárias para que fosse realizado seu último desejo: o sepultamento no jazigo onde o mausoléu será erguido brevemente.
Em dezembro de 2019 Lóris foi homenageado pela Diretoria da Acerj, junto com outros sócios vitalícios, como o único sócio fundador vivo, recebendo uma placa de prata (foto que ilustra esta publicação).
O Dia do Cronista Esportivo do Rio de Janeiro será comemorado, doravante, a cada dia 5 de março, lembrando a memória do grande sócio e jornalista Lóris Baena Cunha.