Zagallo se foi, passou à eternidade. Viveu 92 anos com a mesma fibra e galhardia desde seu surgimento para o futebol. Foi o maior representante do futebol brasileiro, só comparável a Pelé. Mas até em relação ao Rei ele teve lá suas vantagens: ganhou quatro copas do mundo!
Zagallo foi revolucionário. Como jogador exerceu mais de uma função em campo (numa época em que cada um fazia o seu); como técnico achou lugar no time para jogadores da mesma posição, porque queria o maior número possível de craques; e como coordenador técnico entendeu a importância de ser “escudo” para seu técnico (Parreira) poder executar seus planos.
Zagallo! O Velho Lobo! Ao mesmo tempo ranzinza e dócil. Defensor intransigente da “Amarelinha”, a camisa da Seleção Brasileira, seu segundo maior amor. Sim, porque o primeiro foi Dona Alcina, que marcou o casamento deles para o dia de Santo Antônio, 13 de junho. Desde então, o TREZE passou a ser sua marca: “BRASIL CAMPEÃO tem treze letras. ARGENTINA VICE, também!”, vociferou diante dos microfones. E daqui fazemos paródia: ZAGALLO ETERNO também tem treze letras.
Zagallo montou a maior seleção de todos os tempos, a tricampeã de 70. Dizia-se que Gérson e Rivellino não podiam jogar juntos, por terem as mesmas características. Zagallo “inventou” o ponta recuado e adaptou Rivellino. Clodoaldo e Piazza eram da mesma posição, mas Zagallo recuou Piazza para ser zagueiro e colocar Clodoaldo ao lado de Gérson. Até João Saldanha achava inviável Pelé e Tostão juntos, mas Zagallo achou para Tostão a posição de “falso nove”. Era ou não era alguém muito à frente do seu tempo?
Zagallo do “aviãozinho”, do “vocês vão ter que me engolir” (dedo na cara!), das resenhas com jornalistas sem medo de ser confrontado. Zagallo da aceitação por todas as torcidas do Rio de Janeiro, esse alagoano mais carioca do mundo. O técnico corajoso e convincente ao mexer com os brios de seus jogadores antes de uma disputa de pênaltis em plena copa do mundo. Zagallo! Zagallo! Que sai de cena deixando cravado na memória e no coração de todos os brasileiros o seu legado: quatro títulos mundiais!
Eraldo Leite